quinta-feira, 6 de maio de 2010

Retrovisor (Teatro Mágico)

Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário. Letras, lados, lestes... O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade... nada muda.
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade no meu retrovisor. A menina debruçando favores toda suja, é mãe de filhos que não conhece.
Vendeu-os por açúcar, prendas de quermesse... A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele, e nesse tráfego acelero o que posso. Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto. O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor. Retrovisor é passado. É de vez em quando... do meu lado nunca é na frente. É o segundo mais tarde... próximo... seguinte. É o que passou e muitas vezes ninguém viu. Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu.

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